Desenhar ilustrações editoriais é um dos trabalhos que faço para várias revistas, tanto on-line como impressas, e algo que realmente gosto de fazer. Adoro a variedade de temas e isso estimula a minha criatividade. Às vezes, trata-se de um infográfico, um gráfico de página dupla que explica a revelação da fiação elétrica KNX, ouvir música no trabalho ou o monitoramento de pessoas. Os assuntos podem variar bastante.
Para mim pessoalmente, o sucesso de uma boa ilustração editorial normalmente depende de o diretor de arte ou o editor da revista ou do jornal entender o que um ilustrador pode fazer para contribuir para a história. Não se trata apenas de fazer com que a imagem que acompanha o texto fique interessante, mas é claro que não faz mal algum se ela ficar. Também pode ser que os editores precisem de "algo" para preencher a página, ainda que não haja motivo para justificar a presença da imagem.
Essas coisas acontecem. Tenho muito sorte de poder trabalhar com clientes que realmente entendem a força das imagens.
Trata-se, em parte, de uma colaboração, em que o ilustrador tem liberdade para trabalhar e o cliente confia na intuição do artista, permitindo que expresse seu próprio estilo. A liberdade para criar algo com êxito para uma revista também depende de o ilustrador entender que o seu trabalho é ilustrar o assunto do artigo (e não apenas criar um trabalho artístico para satisfazer seu próprio ego), sem perder seu próprio estilo artístico. Trata-se de contar uma história e respaldá-la com imagens baseadas no assunto do artigo. Em outras palavras: comunicação.
Utilizo ferramentas tradicionais, software e ferramentas digitais de design gráfico, uma câmera e café. Depois de discutir as instruções com o editor ou o diretor de arte, costumo ir tomar um café para ler e analisar o artigo. Na maioria das vezes, primeiro leio e desenho esboços no meu caderno de desenho antes de passar para o software gráfico.
Para este trabalho de ilustração, como ferramentas digitais, usei o Corel PHOTO-PAINT e minha mesa digitalizadora Wacom.
Depois de determinar a largura e a altura do trabalho artístico, abro a caixa de diálogo Nova imagem no Corel PHOTO-PAINT (Arquivo > Novo… ou CTRL+N). Defino o tamanho e a resolução da imagem em 300 dpi e seleciono o espaço de cor RGB. Em seguida, adiciono um sangramento de 5 milímetros.
Se estiver lidando com um cliente novo, sempre pergunto se ele prefere a imagem em RGB ou CMYK e o perfil de cores que deseja usar. Se ele especificar o perfil de cores, trabalharei com o mesmo perfil ou o converterei em CMYK mais tarde. Não precisa ser mais complicado do que isso quando se trata de gerenciamento de cores.
Se o cliente desejar a ilustração em RGB, ela será, na maioria das vezes, sRGB ou Adobe RGB 1998. Alguns clientes preferem receber a ilustração em CMYK e, nesse caso, gosto de trabalhar no mesmo perfil de cores, porque preciso ter certeza de que as cores do desenho final fiquem corretas. Quando exporto as ilustrações posteriormente como arquivos TIFF, seleciono Incorporar perfis de cores na janela de diálogo Exportar.
Dessa forma, tenho certeza de que as cores ficarão idênticas em todos os aplicativos, inclusive em todos os programas com que o meu cliente e, depois, a empresa de impressão trabalharão. Depois, clico em OK. Para essa imagem, simplesmente escolho Adobe RGB 1998, porque o Adobe RGB 1998 tem um espaço de cor maior do que o sRGB e a conversão em CMYK é melhor.
Também gosto de receber, sempre que possível, uma maquete em PDF do cliente, para que possa entender como ele imagina estas ilustrações em sua revista. Eu a abro no CorelDRAW e a uso como referência. Como uma dessas duas ilustrações é de página dupla e a segunda deve ser menor e ocupar ambas as páginas, coloco uma linha-guia no centro da página no CorelDRAW e, em cada lado da mesma, adiciono uma linha-guia a uma distância de cerca de 10 milímetros do centro. Dessa forma, sei que a ilustração não será oculta acidentalmente quando as pessoas lerem e virarem as páginas. Assim, tenho mais controle sobre o resultado final. Mas, às vezes, o diretor de arte ainda não decidiu qual será o layout final, então me limito a perguntar se a imagem terá orientação de retrato ou de paisagem.
Ao importar meus esboços para o Corel PHOTO-PAINT, às vezes simplesmente tiro uma foto do esboço e, outras vezes, o digitalizo. Em seguida, o importo (CTRL+I) como um novo objeto na janela de encaixe Gerenciador de objetos. Defino a transparência em cerca de 50%, só para ter uma ideia geral de como e onde vou começar a desenhar e compor a ilustração à medida que avanço. Quando não precisar mais do esboço, simplesmente excluo o objeto.
Neste estágio, introduzo linhas-guia no Corel PHOTO-PAINT e normalmente uso duas ou três linhas-guia angulares e as giro ao configurar as perspectivas e a composição. Isso ajuda muito, especialmente porque a maioria dos trabalhos de ilustração para revistas e jornais têm prazos curtos e preciso trabalhar contra o relógio. Pode ser estressante, por isso qualquer ajuda é bem-vinda para decidir a composição principal de forma rápida. Assim, posso enviar um rascunho rapidamente para o meu cliente a fim de ajudá-lo a planejar o layout, e posso receber uma resposta rápida caso não tenha entendido bem algo, independentemente do motivo.
Ao trabalhar com várias ilustrações para o mesmo artigo, talvez convenha usar as mesmas cores. Para fazer isso, uso a Paleta de imagens do Corel PHOTO-PAINT (denominada Paleta de documentos no CorelDRAW). Gosto muito de trabalhar com essas ferramentas. As cores escolhidas e o modo como são escolhidas podem variar, mas uma coisa que faço é selecionar algumas cores básicas rapidamente e aplicá-las a um objeto. Em seguida, as arrasto e solto na Paleta de imagens que, por padrão, abre na parte inferior da tela. Depois, usando o triângulo preto da Paleta de imagens, abro o menu desdobrável e seleciono: Paleta > Salvar como. Dei um nome exclusivo a essa paleta personalizada. Eu a chamei de "Editorial-Illustration" (Ilustração editorial).
Dessa forma, tenho uma paleta de cores que posso usar em ambas as ilustrações do mesmo artigo e manter a consistência das cores. À medida que trabalho, uso essa paleta e adiciono cores a ela. Todas as cores adicionadas estão definidas para terminar automaticamente na Paleta de imagens. Assim, quando concluir a primeira ilustração, simplesmente sigo o mesmo procedimento, salvando a Paleta de imagens novamente, para que todas as cores novas que usar sejam adicionadas à paleta "Editorial-Illustration".
Ao iniciar a segunda ilustração, posso simplesmente clicar de novo no botão Personalizar rapidamente ao lado da janela de encaixe Gerenciador de objetos e, desta vez, abrir o Gerenciador de paletas de cores > Minhas paletas para ver a nova paleta "Editorial-Illustration". Não pode ser mais simples.
Ao revisar os esboços no meu caderno de desenho, tenho uma noção geral da perspectiva e da composição finais das ilustrações. Para obter mais agilidade no Corel PHOTO-PAINT, arrasto, posiciono e angulo as linhas-guia, para que saiba onde a linha do horizonte e os pontos de fuga estão. Agora tenho uma ideia aproximada da composição. Nestas duas ilustrações, usei linhas-guia verticais e horizontais para a primeira imagem de página dupla e linhas-guia angulares para a segunda imagem. Basta clicar duas vezes na linha-guia e girá-la. Na segunda imagem, coloquei os ângulos aproximadamente onde achei que as estantes ficariam. Isso também ajudou quando comecei a desenhar as pessoas na imagem (atrás do tablet que ocupa a posição central e frontal da ilustração).
Começo criando um novo objeto e o preenchendo com uma cor chapada, neste caso, azul para a ilustração grande de página dupla. Crio um novo objeto quando importo e posiciono o esboço, como referência para as três pessoas da ilustração.
Depois abro uma foto que tirei em um parque de estilo inglês fora da cidade (o parque de um antigo palácio durante a outono). Converti a imagem em linha artística preta de 1 bit (Imagem > Converter em preto e branco (1-bit…). Em seguida, a converti novamente em RGB de 24 bits e converti o objeto de fundo em um único objeto. Usei a ferramenta Transparência de cor da caixa de ferramentas para remover o branco e copiei/colei o objeto na ilustração.
Enquanto desenho as pessoas, desativo a visibilidade do objeto do parque inglês temporariamente (desativo o ícone do olho para essa camada na janela de encaixe Gerenciador de objetos). Uso uma ponta redonda da ferramenta Pintura para desenhar os contornos. Para isso, escolho Rabisco rápido > Pincel artístico no seletor de categoria de pincel da barra de propriedades. Esse pincel parece uma verdadeira ponta de caneta de feltro. Depois, ativo a visibilidade do objeto do parque inglês novamente e crio um novo objeto, começando a desenhar o fundo enevoado e esfumaçado que vemos atrás das pessoas.
Para a fumaça e a névoa, uso os pincéis Cobertura grande amena e Cobertura média amena, localizados na mesma categoria Rabisco rápido > Pincel artístico. Aconselho que você sempre pinte com um toque suave e leve e crie várias camadas de objetos para formar fumaça, névoa e nuvens, como se estivesse pintando com óleos e tintas acrílicas em uma tela real.
Para desenhar a lua atrás das árvores, usei a ferramenta Máscara de elipse (Caixa de ferramentas > Máscara de elipse ou a tecla de atalho J) e apliquei um preenchimento branco a ela. Isso foi colocado atrás do objeto do parque inglês no Gerenciador de objetos.
Terminei a ilustração pintando a grama na frente com a mesma ponta de pincel usada para as pessoas. Como a área preta é maior, o título do artigo se destaca mais claramente. Se a ilustração estiver muito cheia de detalhes no local onde o título será colocado, ele não funcionará tão bem junto com a ilustração.
Passando para a segunda ilustração, começo criando um objeto de fundo com uma cor cinza. Depois de colocar as linhas-guia para iniciar a perspectiva e a composição, criei um novo objeto na janela de encaixe Gerenciador de objetos, importei o esboço, ajustei o controle deslizante de opacidade do Gerenciador de objetos em 50% e desenhei primeiro as duas mãos que seguram o tablet com os mesmos pincéis usados na ilustração principal de página dupla. Depois desenhei as pessoas e as estantes de livros no fundo.
Pintei algumas cores em um objeto e as arrastei e soltei na Paleta de imagens. Exclui o objeto e atualizei a Paleta de imagens salva. Em seguida, fiz algumas experiências para ver quais cores funcionariam melhor com a ilustração. Deixei o fundo cinza porque achei era melhor aplicar cores ao tablet no centro e, assim, convertê-lo no foco de atenção. Também destaquei um pouco as pessoas que estavam vendo em fotos e filmes.
Quando terminei ambas as ilustrações do artigo e recebi a aprovação do cliente, as converti em CMYK e TIFF e enviei os resultados finais para o cliente.